Tradição, milagre e muito trabalho: conheça os bastidores do bolo de Santo Antônio

Todo mundo já conhece o tradicional bolo de Santo Antônio, vendido pela paróquia de mesmo nome há pelo menos 20 anos, mas você conhece o trabalho por trás dessa tradição? São mais de 100 voluntários em ação das 7h às 21h por duas semanas para produzir cerca de 2,5 mil bolos por dia e garantir que tudo esteja pronto em 13 de junho, próxima sexta-feira.

“Nós nos dividimos em três grupos: de manhã, das 7h ao meio-dia, das 13h às 18h e das 18h às 21h. Somos todos voluntários, estamos trabalhando para ganhar graças, para ganhar o céu. A gente faz com o maior carinho”, explica a coordenadora dos trabalhos com o bolo, Fernanda Corrêa, 52, confeiteira.

A igreja pretende distribuir 17 mil bolos de pote, 2 mil a mais que no ano ado, exclusivamente no drive thru em frente à Catedral Nossa Senhora da Abadia e Santo Antônio, no Centro de Campo Grande. A tradição diz que quem encontrar uma das 3 mil alianças escondidas no recheio terá boa sorte para se casar. Santo Antônio é conhecido como santo casamenteiro e é também padroeiro de Campo Grande.

Quem faz o bolo?

Os voluntários são todos membros ativos da Catedral. Fernanda Corrêa diz que mais de 100 pessoas estão envolvidas em todas as etapas da preparação. “A montagem, massa, recheio, o pessoal que faz compra, o pessoal da logística de armazenamento, marketing…. A gente se une em prol dessa festa, a comemoração do dia do nosso padroeiro, e é Bonito demais ver a unidade das pessoas”, conta.

Fernanda Corrêa, coordenadora da produção do bolo de Santo Antônio (Foto: Helder Carvalho, Jornal Midiamax)

Desde segunda-feira da semana ada (2), a coordenadora Fernanda é a única que acompanha toda a montagem, das 7h às 21h, se dividindo entre o trabalho na empresa dela e na paróquia. Ela calcula um gasto de 8 mil ovos e 300 kg de trigo na produção do bolo. Mesmo trabalhando como confeiteira há 23 anos, Fernanda só aprendeu a fazer bolos tão grandes na igreja.

Adriellen Lopes, empresária de 33 anos, ajuda na produção do bolo pela terceira vez este ano. “Eu venho dia sim, dia não, porque assim eu consigo me organizar para servir aqui no bolo. Acho importante porque é a nossa vida em comunidade e a comunidade precisa disso, não recebemos salário, mas ganhamos graças e bençãos”, afirma.

Fernanda Corrêa aprendeu na pele o que significa ser abençoada por Santo Antônio. No início do ano ado, ela sofreu com uma síndrome autoimune considerada grave e rara, mas teve esperança de que seria curada a tempo para participar da produção do bolo. “Eu falava: ‘com fé em Deus e por intercessão de Santo Antônio eu vou ajudar no bolo, não sei como eu vou estar, mas vou trabalhar’. Com a graça de Deus, eu estava aqui trabalhando normalmente e em perfeitas condições”.

A receita

O primeiro o é fazer a massa do pão de ló, que na manhã desta segunda-feira era preparada por duas mulheres. “Não tem mistura pronta na massa, tudo é manual, bem bolinho da vovó”, explica Fernanda. Depois, a mistura vai para o forno em tabuleiros grandes.

Quando o bolo já está assado, outra voluntária corta o pão de ló com a ajuda de um aro. Neste ano, há uma novidade nesse estágio da produção: o bolo redondo foi substituído por um modelo quadrado. “Isso possibilita ter menos desperdício das rebarbas da massa e ele ficou um pouco maior que antes”, afirma Fernanda Corrêa.

Voluntária corta o bolo com um aro (Foto: Helder Carvalho, Jornal Midiamax)

O recheio é composto por dois cremes, o de chocolate e o creme de confeiteiro, finalizado com chantili. Uma calda de açúcar também ajuda a compor a sobremesa. A confeiteira Fernanda Corrêa explica que, ao longo dos anos, a receita permaneceu a mesma. “Mas como é feito à mão, sempre tem leves alterações. Um pouco mais disso, menos daquilo, para melhorar o bolo”.

Linha de montagem

O último processo da montagem do bolo de Santo Antônio é feito fora da cozinha. No salão paroquial, a mesma mesa onde ficava o bolo de metro até antes da pandemia – porque foi só a partir desse período que a igreja ou a vender o bolo em pote – é utilizada para empilhar as camadas dentro dos potinhos. “A ideia é ficar praticamente idêntico, mas é feito por voluntários, que não têm experiência. É um trabalho manual e feito por pessoas, isso que torna especial”, afirma Fernanda.

Lá, o trabalho é ‘de formiguinha’: uma voluntária põe o pão de ló no pote, outra põe um recheio, depois o chantili e assim sucessivamente. São duas camadas de bolo, duas de recheio, mais a calda de açúcar e, por último, a cobertura de chantili. Depois de prontos, os 17 mil potes são armazenados em um contêiner refrigerado instalado na igreja e só saem de lá na sexta-feira (13).

Montagem do bolo de santo Antônio (Foto: Helder Carvalho, Jornal Midiamax)

Segredo guardado a sete chaves, as alianças ficam escondidas entre uma camada e outra da receita. Neste ano, são dois pares de ouro e 3 mil de material mais simples. “É bem bonito acompanhar casais que criam expectativa nessa aliança. Na verdade, isso é a fé. Mas eu acho muito interessante frisar que Santo Antônio não é só um santo casamenteiro. O que você pedir para ele com fé e confiança, ele vai interceder. Santo Antônio é amigo de Jesus, é uma história muito bonita”, conta Fernanda Corrêa.

História do Santo

O nome de nascimento de Santo Antônio é Fernando Antônio de Bulhões. Ele nasceu em Lisboa, Portugal, em 15 de agosto de 1195. Santo Antônio é de família rica, mas dedicou a vida à religião.

Virou padre agostiniano e depois frei, no Mosteiro São Francisco de Assim em Coimbra. Nesse período, ficou reconhecido na Igreja Católica por seus estudos teológicos. Há relatos de que Santo Antônio operou milagres ainda em vida, curando doentes. Por isso, a população o considerava Santo antes mesmo de morrer.

Santo Antônio é o protetor das coisas perdidas, dos casamentos e dos pobres. A fama de casamenteiro veio por seus gestos de generosidade que ajudavam mulheres a reunirem as condições necessárias para o casamento.

Alianças do bolo de Santo Antônio (Foto: Helder Carvalho, Jornal Midiamax)

Serviço

Os convites custam R$ 15 e você pode adquirir diretamente com os paroquianos, na secretaria ou após as missas na Catedral. Nesta quarta-feira (11), também haverá plantão de vendas nas novenas do Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. A entrega dos bolos será realizada exclusivamente no dia 13 de junho, dia de Santo Antônio, das 06h30 às 13h, diretamente na Catedral.

Horário de atendimento da secretaria da Catedral:

  • Segunda-feira das 13h30 às 17h30
  • Terça a sexta-feira das 07h30 às 17h30
  • Sábado das 07h30 às 11h

Endereço: Travessa Lydia Baís, s/n, Centro.